sábado, 21 de fevereiro de 2015

A nossa próxima página tratará doravante do tradicionalismo tropeiro, de cunho nacional. Colocamos esse breviário por ser fruto de 64 anos de colaboração crítica no tradicionalismo gaúcho. BREVIÁRIO DA TRADIÇÃO - Mário Mattos – Dezembro de 2008 Proposição ao 56º. Congresso do MTG realizado em janeiro de 2009 em Canguçu, RS.

1- TRADIÇÃO- A tradição é a tendência natural  de um povo a  preservar sua experiência e transmitir de geração para  geração. Chama-se também Herança Cultural. O Gaúcho é o símbolo da tradição no Rio Grande do Sul, junto às demais tradições do Brasil

 

2. Para o indivíduo, aderir à herança  nativista, o introduz num processo de enraizamento:  ao pago (lugar);  à querência (gente); à  sua geografia, à sua  história e à sua cultura.  E  ele passa a ter uma visão construtiva do seu meio e de si mesmo

3. Para a coletividade, o culto à tradição  funciona  como Cultura de resistência às falsas  culturas  de massificação consumista. Criando seus próprios pólos de atração e motivação, o tradicionalismo fortalece  a autoestima e a identidade cultural

4. Dentro do sistema espontâneo da Cultura Nativista, o movimento tradicionalista gaúcho (MTG) é um sub-sistema insti tucionalizado há 52 anos. Seus Estatutos e Carta de Princípios  delimitam os direitos e  deveres dos filiados e dos CTG´s


5.. Entrar para o CTG,  é fruto de uma escolha de quem quer sair do mundo da comparação e entrar para  o mundo da comunidade. Mas aí,  começa nossa educação.  Dentro de nós, sempre há algo já  feito e algo ainda  por fazer.

 

6. Com o tempo e a experiência descobriremos que no próprio sistema dos CTG´s, de  baixo a cima, também existem  falhas a corrigir e situações a discutir e modificar. Pensar com a própria cabeça é o primeiro dever  do tradicionalista
7.  E a quem -  senão ao próprio filiado  do CTG -  cabe o direito e o dever de  contribuir  e agir pela  melhor qualidade na  prática do movimento? Esse é o grande desafio de todos nós, que amamos a tradição gaúcha e queremos vê-la prosperar
8. Como ensina Barbosa Lessa, o  tradicionalismo  é um movimento cultural, aberto e democrático, nascido nos fogos de chão (portanto, não é  ideológico). As culturas ideológicas  fanatizam grupos  e reprimem a criatividade das pessoas.

9-  Nossos rituais cívicos como a Chama Crioula e a Semana  Farroupilha são Ritmos agregadores que promovem os símbolos e  mantêm vivo o movimento. Mas o  cimento psicológico de tudo , é a gauchidade, superior ao gauchismo comum

 

10. O que vem a ser a Gauchidade? Todos os bons gaúchos,  desde o simples peão aos grandes lidadores, nos legaram exemplos de virtude, desprendimento e  cordialidade – gaúchos de alma grande – o modo poético de ser riograndenses

11. O CTG não vive para si mesmo, mas para gerar e semear virtude, como  no lema farrapo:”A virtude seguir, calcar o vício – eis o dever de um livre americano”. A virtude, um  bem   universal, toma  côres  próprias   na  gauchidade riograndense.

12 Sem ideologias -  basta  ser gente - inspirar-se no falar colorido e nas atitudes  sábias das melhores pessôas do campo pampiano. Eis a receita da gauchidade – praticar as melhores virtudes  do nosso Interior, espaço gaúcho do  Brasil

13. LEITURA. Para pensar com a própria cabeça, comunicar-se com mais  eficiência e participar  com mais personalidade  nas reuniões, o tradicionalista  tem o recurso de   cuidar da  sua própria bagagem cultural -  no hábito da leitura.

 

14..  A beleza selvagem do pampa sul americano, as habilidades da lida com os animais e com o couro cru, as lutas pelo território, são campos fascinantes que desafiam o tradicionalista  a desvendar e navegar nas origens do Rio Grande e sua cultura.

15. Os eventos tradicionalistas – festas campeiras, apresentações de bailados, etc – dão-nos grande prazer. Porém não esqueçamos que  cada um desses elementos  tem sua origem - sua história. São  evocações  curiosas da nossa identidade cultural.

16. Visitar bibliotecas de origens, nos Institutos Históricos e Geográficos, é investir no próprio crescimento interior. Ali contamos com livros dos melhores  historiadores que desvendaram, como em nenhum outro estado, a nossa história
17. Ao lado da história, a literatura contribui da forma mais  agradável para enriquecer a bagagem do tradicionalista. Os Contos Gauchescos de João Simões Lopes Neto são a melhor iniciação à literatura e história gaúcho-brasileira  de valor universal. É um livro de fácil acesso.

 

18. A boa  bagagem de leituras  desenvolve o bom gosto, afina a sensibilidade  e dá ao tradicionalista o sexto sentido nas horas de  dar  opinião. A falta de bagagem  nos fragiliza e nos torna expostos às  más culturas, viciosas para a   sociedade e estranhas à boa  tradição.

19. São más culturas: a simplificação do CTG, as  panelinhas, os preconceitos  excludentes, o apego aos próprios defeitos, o derespeito às minorias, a suficiência, a resistência ao diálogo,  o autoritarismo, a displicência, etc, - vícios que nos dividem  e enfraquecem.

20. Não só as más culturas  vindas  de baixo -   vícios no CTG e no seu meio de atuação – são negativas. Por outro lado, os êrros  de direção – imposições sem diálogo,  dogmas  fúteis, autoridade pela distância –  também  desensinam e desencorajam os mais jovens.

21. MTG E DEMOCRACIA. Num modelo democrático do MTG, todo o poder vem da maioria, cuja vontade soberana se expressa no Congresso. Ao fim de cada  Congresso,  o plenário  deveria aprovar Resoluções e Diretrizes claras para  serem  cumpridas em cada gestão.

 

22. As normas do Conselho Diretor eleito no Congresso e da Convenção a ser convocada ,  só seriam válidas se obedecessem  a  Diretrizes do Congresso. Caso contrário, serão norm ticas; ou de exceção, sujeitas ao referendo do próximo Congresso.

23. A preparação democrática do Congresso deveria passar  por intensa mobilização dos CTG´s, agendando reuniões para discutir o temário e tempo suficiente para elaborar teses e proposições. Delegados deveriam  ser eleitos em assembléias do CTG ou em Conferência Municipal.

24. Todos devem ser  iguais perante os Estatutos do MTG. Qualquer filiado  em dia com suas obrigações , deveriam  ter o direito  de formular e enviar críticas e sugestões, não só ao Congresso, mas fora dele também aos órgãos dirigentes do MTG – e obter resposta.

Um comentário:

  1. Nosso heroi, o Tropeiro, é mais abrangente e anterior ao próprio gaúcho riograndense, pois exisste e cumpre sua função histórica desde 1680 nos pampas - 57 anos antes de haver nascido o primeiro gaúcho riograndense, em 1737.Nosso Blog investe na Tradição de render orgulho e glória ao Tropeiro desde luso-brasileiro até o Brasil Império e o Brasil República.

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